Mandalay e Bangkok em estado de emergência após tremor de magnitude 7,7
Um forte terremoto de magnitude 7,7 atingiu o centro de Mianmar nesta sexta-feira (28), deixando um rastro de destruição e milhares de vítimas. De acordo com o Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS), o tremor teve epicentro na região de Mandalay, a uma profundidade de 10 km. A tragédia já soma 1.007 mortos e 2.389 feridos em Mianmar, segundo informações da junta militar do país.
A Tailândia, país vizinho, também sentiu os impactos do sismo. Em Bangkok, um arranha-céu em construção desabou, deixando pelo menos sete mortos e 100 desaparecidos. As equipes de resgate trabalham incansavelmente na busca por sobreviventes em meio aos escombros.
Mandalay é o epicentro da destruição
A região de Mandalay, no centro de Mianmar, foi a mais afetada pelo tremor. Além das vítimas fatais e dos feridos, há pelo menos 30 pessoas desaparecidas e 1.591 casas danificadas. As equipes de resgate enfrentam dificuldades para acessar as áreas mais atingidas devido ao colapso de edifícios e infraestrutura comprometida.
Vídeos e relatos divulgados nas redes sociais mostram cenas de desespero, com sobreviventes clamando por ajuda sob os escombros. Em Amarapura e Tada-U, cidades próximas a Mandalay, os danos são descritos como ainda mais severos. Em um vilarejo chamado Bone Oe, mais de 100 pessoas teriam morrido, segundo voluntários que auxiliam nos resgates.
Além disso, um tremor secundário de magnitude 6,4 foi registrado 12 minutos após o primeiro abalo sísmico, aumentando ainda mais a destruição na região.
Bangkok também sofre impactos severos
Na capital tailandesa, Bangkok, um prédio de 30 andares que estava em construção desabou com o tremor. Cerca de 400 operários trabalhavam no local no momento do colapso. Até o momento, sete mortes foram confirmadas, mas mais de 80 trabalhadores seguem desaparecidos sob os escombros.
A Tailândia não costuma ser afetada por terremotos dessa magnitude, o que torna os impactos ainda mais devastadores. Os edifícios da cidade não são planejados para resistir a tremores intensos, o que pode ter contribuído para os desabamentos registrados.
Risco de liquefação agrava situação
Especialistas do USGS alertam que Mianmar enfrenta alto risco de liquefação do solo, um fenômeno que pode causar ainda mais danos a edifícios e infraestrutura. Esse processo ocorre quando o solo saturado de água perde sua resistência e passa a se comportar como um líquido, tornando-o incapaz de sustentar estruturas.
Segundo estimativas, mais de 1.000 km² podem ser afetados pela liquefação. Além disso, há um risco significativo de deslizamentos de terra nas áreas montanhosas do país.
Ajuda internacional e crise política
O governo militar de Mianmar, que assumiu o poder após um golpe em 2021, fez um raro pedido de ajuda internacional. Países como China e Índia já começaram a enviar assistência humanitária. No entanto, o governo paralelo de oposição, conhecido como Governo de Unidade Nacional (NUG), pede que a ajuda seja distribuída por redes independentes para evitar o controle da junta militar.
As dificuldades para o socorro se agravam devido ao contexto político do país. Desde o golpe militar, a repressão à imprensa e as restrições de comunicação dificultam a obtenção de informações sobre a real dimensão da tragédia.
Uma trabalhadora humanitária relatou à BBC que a atuação das equipes de resgate é extremamente difícil, pois as regiões mais afetadas pelo terremoto ainda estão sob forte presença militar. “Estamos tentando ajudar sem chamar a atenção, pois há risco de sermos presos ou sofrer represálias”, afirmou.
A tragédia expôs ainda mais a vulnerabilidade da população birmanesa, que já enfrenta anos de instabilidade política e conflitos internos. O número de vítimas pode aumentar nos próximos dias, à medida que as buscas por desaparecidos continuam.
A comunidade internacional segue mobilizada para prestar auxílio às vítimas desse desastre de grandes proporções.
🔹 USGS – Serviço Geológico dos EUA (https://www.usgs.gov/)
🔹 Organização Mundial da Saúde – Resposta a Desastres Naturais (https://www.who.int/)
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