Em consequência dos resultados históricos alcançados pela extrema-direita francesa nas eleições europeias, Macron convoca eleições antecipadas.
As eleições europeias realizadas neste domingo, caracterizadas por um crescimento significativo dos partidos de extrema-direita e da direita populista por toda a Europa, desencadearam um abalo político na França. Embora os partidos pró-europeus tenham mantido a maioria no Parlamento Europeu, de acordo com estimativas baseadas em sondagens à boca de urna, os avanços dos partidos de extrema-direita são inquestionáveis.
As eleições, realizadas nos 27 Estados-Membros da União Europeia entre os dias 6 e 9 de junho, resultaram na escolha de 720 deputados para o Parlamento Europeu e evidenciaram um crescimento histórico dos partidos de extrema-direita em países como França, Alemanha, Áustria e Itália.
França
O presidente francês, Emmanuel Macron, dissolveu a Assembleia Nacional e convocou eleições antecipadas para os dias 30 de junho e 7 de julho, após a vitória esmagadora do partido de extrema-direita Rassemblement National (RN), liderado por Jordan Bardella e Marine Le Pen.
“O presidente da República não pode ignorar a mensagem enviada esta noite pelo povo francês”, declarou Jordan Bardella. Macron respondeu dissolvendo a Assembleia Nacional e convocando novas eleições.
O RN liderou as sondagens com mais de 31,5% dos votos, muito à frente do partido de Macron, Renascimento, que obteve 15,2% com a candidata Valérie Hayer. Assim, o RN terá 31 dos 81 eurodeputados franceses.
Alemanha
Na Alemanha, o partido de extrema-direita Alternativa para a Alemanha (AfD) alcançou o segundo lugar com 16-16,5% dos votos, atrás dos democratas-cristãos CDU-CSU, que obtiveram cerca de 29,5-30%. A AfD superou os sociais-democratas do chanceler Olaf Scholz, com 14%, e os Verdes, com 12%.
Áustria
Na Áustria, o Partido da Liberdade Austríaco (FPÖ), de extrema-direita, liderou as sondagens com 25,7% dos votos, conforme a estação pública ORF. O segundo lugar foi disputado entre o Partido Popular Austríaco (ÖVP), de centro-direita, com 24,7%, e o Partido Social-Democrata (SPÖ), com 23%.
Países Baixos
Nos Países Baixos, a coalizão de centro-esquerda formada pelos Verdes e sociais-democratas, GL-PvdA, venceu as eleições para o Parlamento Europeu. No entanto, a extrema-direita de Geert Wilders teve um crescimento significativo, conforme os primeiros resultados divulgados pelo Parlamento Europeu. O VVD, partido do primeiro-ministro cessante Mark Rutte, ficou em terceiro lugar com 11,60%.
Polônia
Na Polônia, a coalizão liberal pró-europeia Plataforma Cívica (PO), liderada por Donald Tusk, venceu as eleições, superando o partido nacionalista Lei e Justiça (PiS). O partido eurocético de extrema-direita, Confederação, obteve 11,9% dos votos, elegendo seis deputados.
Espanha
Na Espanha, o Partido Popular (PP), de direita, liderado por Cuca Gamarra, venceu com 34,2% dos votos, elegendo 22 eurodeputados. O PSOE garantiu 20 lugares com 30,2%. O Vox ascendeu a terceira força política com 9,6%, elegendo seis eurodeputados.
Itália
Na Itália, as sondagens à boca das urnas deram a vitória ao partido de direita radical Irmãos de Itália (FdI), da primeira-ministra Giorgia Meloni, com 26-30% dos votos. O Partido Democrático (PD), de centro-esquerda, obteve entre 21-25%.
Dinamarca
Na Dinamarca, o GreenLeft está a caminho de se tornar o maior partido, superando os social-democratas da primeira-ministra Mette Frederiksen, elegendo três representantes com 17,4%.
Virada à Direita
Os resultados confirmam uma virada à direita nas eleições europeias. O Partido Popular Europeu (PPE) consolidou-se como o maior bloco no Parlamento Europeu, com 189 eurodeputados, seguido pelos Socialistas e Democratas (S&D), com 135. Os Renovadores e Liberais perderam 22 lugares e os Verdes, 20.
Os grupos de direita e extrema-direita, Reformistas e Conservadores Europeus (ECR) e Identidade e Democracia (ID), mantiveram suas votações, elegendo 72 e 58 deputados, respectivamente. No entanto, o PPE, ECR e ID não conseguem maioria combinados, ao contrário da atual coligação entre o PPE, S&D e Renovadores. Além disso, 46 eurodeputados independentes foram eleitos, cuja afiliação política ainda não está clara.